sexta-feira, 26 de março de 2010

das músicas e das pessoas.

as músicas que ouvimos no decorrer da nossa vida são como as pessoas.
há algumas que, apesar de não conhecermos pessoalmente, sabemos que existem. há aquelas que conhecemos por intermédio de outras e aquelas que conhecemos por conta de um acaso. de todas que conhecemos, há somente algumas que gostamos; de algumas que gostamos, somente algumas são realmente parecidas com o que somos; das que realmente se parecem com a gente, pouquíssimas são aquelas que criamos uma relação tão intensa de intimidade, a ponto de dizer que fazem parte de nós.
algumas nos inspiram a fazer coisas que a gente jamais imagina que quer fazer, e algumas nos dão aquele empurrãozinho final pra que, enfim, a gente faça o que sempre quis.
algumas marcam um período importante da nossa vida de maneira que, toda vez que a gente a reencontre ou pense nela, consiga sentir de novo tudo que sentiu naquela época.
algumas não nos mudam em nada. algumas mudam nosso humor.
algumas mudam nossa maneira de pensar, de falar, de agir.
e há, finalmente, algumas que mudam quem somos por inteiro, e que, da maneira mais sutil que podem, conseguem mudar toda a nossa vida.

(reflexões após a leitura do post de uma blogueira que passei a seguir há pouco tempo)

sábado, 20 de março de 2010

Capítulo CXXVII - O barbeiro


''Perto de casa havia um barbeiro, que me conhecia de vista, amava a rabeca e não tocava inteiramente mal. Na ocasião em que ia passando, executava não sei que peça. Parei na calçada a ouvi-lo (tudo são pretextos a um coração agoniado), ele viu-me, e continuou a tocar. Não atendeu a um freguês, e logo a outro, que ali foram, a despeito da hora e de ser domingo, confiar-lhe as caras à navalha. Perdeu-os sem perder uma nota; tocando para mim. Esta consideração fez-me chegar francamente à porta da loja, voltado para ele. Ao fundo, levantando a cortina de chita que fechava o interior da casa, vi apontar um moça trigueira, vestido claro, flor no cabelo. Era a mulher dele. Creio que me descobriu de dentro, e veio agradecer-me com a presença o favor que eu fazia ao marido. Se me não engano, chegou a dizê-lo com os olhos. Quanto ao marido, tocava agora com mais calor; sem ver a mulher, sem ver fregueses, grudava a facve ao instrumento, passava a alma ao arco, e tocava, tocava...

Divina arte! Ia-se formando um grupo, deixei a porta da loja e vim andando para casa; enfiei pelo corredor e subi as escadas sem estrépito. Nuca me esqueceu o caso deste barbeiro, ou por estar ligado a um momento grave da minha vida, ou por esta máxima, que os compiladores podem tirar daqui e inserir nos compêndios de escola. A máxima é que a gente esquece devagar as boas ações que pratica, e verdadeiramente não as esquece nunca. Pobre barbeiro! Perdeu duas barbas naquela noite, que eram o pão do dia seguinte, tudo para ser ouvido de um transeunte. Supõe agora que este, em vez de ir-se embora, como eu fui, ficava à porta a ouvi-lo e a namorar-lhe a mulher; então é que ele, todo arco, todo rabeca, tocaria desesperadamentre. Divina arte!''






Dom Casmurro, de Machado de Assis.



quinta-feira, 18 de março de 2010

eu me sentia assim.

''when you were here before couldn't look you in the eye,
you're just like an angel, your skin makes me cry
you float like a feather in a beautiful world
i wish I was special, so very special...
but I'm a creep, i'm a weirdo
what the hell am I doing here?
i don't belong here...

i don't care if it hurts, i wanna have control
i wanna a perfect body, i wanna a perfect soul
i want you to notice when i'm not around
you're so very special, i wish i was special...
but i'm a creep, i'm a weirdo
what the hell am I doing here?
i don't belong here...

she's running out again, she's running out
she run, run, run, run, run.

whatever makes you happy, whatever you want
so very special, i wish I was special
but I'm a creep, i'm a weirdo
what the hell am I doing here?
i don't belong here
i don't belong me.''


tradução

radiohead descrevendo o coração de muito adolescente inseguro...
yes, i already felt like a creep.

domingo, 7 de março de 2010

maquiavel(ica)

Capitulo 17

''[...]Os homens tem menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha. [...]Conclui-se, portanto, com respeito ao ser temido e amado, que os homens amam de acordo com seu próprio arbítrio, mas temem segundo a vontade do príncipe; portanto, o príncipe sábio deve apoiar-se nos meios a seu, e não no que depende do poder alheio [...].''

Capítulo 18

''[...]Nada é mais necessário do que a aparência[...]. De modo geral, os homens julgam mais com os olhos do que com o tato: todos podem ver, mas poucos são capazes de sentir. Todos veem nossa aparência, poucos sentem o que realmente somos[...]. Na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados; o mundo se compõe só de pessoas do vulgo e de umas poucas que, não sendo vulgares, ficam sem oportunidade quando a multidão se reúne em tono do soberano. [...]''

O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.

quem concorda?

quinta-feira, 4 de março de 2010

das frustrações e das esperas

sabe quando tu tens tanta certeza de que é aquilo que sentes, é aquilo que queres, que tu simplesmente não consegue esperar mais?
é justamente o que eu sinto.
e não é que eu não goste do que eu tenho...
é que simplesmente eu sei que gosto MUITO MAIS de outra coisa.

é o fato de eu saber que há algo me esperando, algo que eu SEMPRE QUIS toda minha vida, e que, por mais que eu me distraia com uma coisa ou outra, eu SEMPRE vou continuar querendo. e mesmo que um dia eu chegue a me firmar naquilo que é mais seguro e confortável, eu sei que o desejo de ter aquilo que eu amo perto de mim e de ser aquilo que eu quero NUNCA vai me deixar.

ai, como dói pensar nessas coisas :(

me desculpem vocês, os pacientes.
mas quando a gente tem um sonho simplesmente NÃO DÁ pra esperar.

era o que eu precisava ler.

''para uns, a jornada é curta e agradável. para outros, a jornada é acidentada, e em alguns momentos, dá vontade de desistir... ao contrário do que você pensa, é nesses momentos que algo muito maior está acontecendo.

estamos aqui para aprender, não para sofrer. abandone o passado. desbloqueie sua paralisia afetiva. à medida que ganhamos experiências, um pouco mais nos é revelado. abra-se!


a vida vai dando coisas com que você consegue lidar, conforme você vai aprendendo a lidar com elas. é assim que a vida funciona.


avançamos no caminho espiritual através dos relacionamentos. Deepak Chopra escreveu: '
seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento.'

quando você estiver pronto para fazer uma coisa nova, de maneira nova, você fará. há sempre alguém à espera da pessoa na qual você está se transformando. talvez, você ainda não esteja pronto para reconhece-la. e a cada momento, cada um de nós está passando pelo processo de ser e de se tornar. como as pessoas, os nossos relacionamentos também mudam. e ainda há muito a aprender sobre AMOR...''


eu vi isso no perfil do orkut de uma pessoa que eu amo muito. sangue do meu sangue. tão parte de mim que pareceu sentir meu coração bater dentro dela e, mesmo sem querer, acabou dizendo tudo que eu precisava ouvir. e isso tudo sem sequer saber. obrigada mana :)